segunda-feira, 26 de maio de 2008

Fernando Meirelles para Folha


Depois de uma semana que pareceu uma verdadeira montanha russa emocional, saí de Cannes no sábado e fui para Lisboa mostrar o filme “Ensaio sobre a Cegueira” para o autor da história, José Saramago.
Por meses, antecipei o quanto a sessão me deixaria ansioso -e não estava errado. Infelizmente, o cine São Jorge, que nos foi reservado, não tinha projeção digital, então foi improvisado um sistema para passarmos nossa fita. Pensei em desistir de mostrar o filme ao ver um teste da projeção, mas o escritor já estava na sala de espera e, em respeito ao compromisso, achei melhor ir em frente.

Sentei-me ao seu lado, expliquei aos poucos amigos presentes que só havia legendas em francês e começamos a ver o filme. Sofri cada vez que uma imagem não aparecia ou que uma música mal soava. Ele assistiu ao filme todo mudo e sem reação nenhuma. Ao final da sessão, quando os créditos começaram a subir, sua mulher, Pilar, debruçou-se sobre Saramago e me agradeceu, emocionada. Silêncio ao meu lado. Antes de terminar os créditos principais, as luzes do cinema foram acesas, eu ousei olhar para o lado e vi que ele fitava a tela sem reação, como se estivesse interessado no nome dos assistentes de cenografia que passavam.

Deu tudo errado, pensei. Toquei seu braço levemente e lhe falei que ele não precisava comentar nada naquele momento, mas, então, com uma voz embargada, ele me disse, pausadamente: “Fernando, eu me sinto tão feliz hoje, ao terminar de ver este filme, como quando acabei de escrever “O Ensaio sobre a Cegueira’”. Apenas agradeci e ficamos ali quietos. Dois marmanjos segurando as próprias lágrimas em silêncio. Ele passou a mão nos olhos, disfarçando a sua. Pensei no meu pai. Emoção sólida, dessas que se pode cortar em fatias com uma faca. Num impulso, beijei sua testa.

Na conversa e no jantar que se seguiram, ele disse que não considera o filme um espelho de seu trabalho e que nem poderia ser assim, pois cada pessoa tem uma sensibilidade diferente.
Disse ter gostado da experiência de ver algo que conhecia, mas que, ao mesmo tempo, não conhecia. Falou que o filme não era perfeito, mas que nunca havia assistido a um filme perfeito. Comentou algumas imagens que o emocionaram especialmente e disse ter achado o nosso Cão das Lágrimas muito doce; preferia que fosse mais agressivo.

Quando lhe contei sobre as críticas favoráveis e contrárias ao filme em Cannes, incluindo a da Folha, ele imediatamente lembrou e recontou aquela historinha do velho que vem puxando um burro montado por uma criança. Um passante vê aquilo e acha absurdo a criança estar montada enquanto um velho caminha, então eles invertem a posição. Outro passante cruza com o grupo e reclama da situação: “Como um adulto deixa uma criança a pé enquanto vai confortavelmente montado?”.

Então, os dois montam no burro, mas alguém acha aquilo uma crueldade com um animal tão pequeno.
Finalmente, resolvem ambos carregar o burro nas costas, até que outro passante observa como são estúpidos por carregar o animal. E, enfim, o velho decide voltar para a primeira situação e parar de dar importância ao que dizem. “É isso que faço sempre”, concluiu o escritor.

Acabo de deixar José Saramago e sua mulher no Ministério da Cultura de Portugal, onde está sendo exibida uma retrospectiva de seu trabalho e sua vida.
Houve uma pequena coletiva de imprensa ali, depois de visitarmos juntos a exposição. Meu filminho de menos de duas horas me pareceu muito insignificante ao ser colocado ao lado daquela obra de uma vida inteira.

FERNANDO MEIRELLES é o diretor de “Ensaio sobre a Cegueira”, “Cidade de Deus” (2002) e “O Jardineiro Fiel” (2005), entre outros

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A Reação que todo Fernando esperava... Blindness

Veja a reação de José Saramago depois de assistir pela primeira vez ao filme "Ensaio Sobre a Cegueira" com o diretor Fernando Meirelles em Cannes.



Parabéns Fernando pelo filme, estou esperando ansiosamente a estréia.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Homem de Ferro

Havia um tempo que não saia do cinema com uma sensação de que foi divertido, sabe! Desde do ultimo Homem Aranha na verdade. (para constar dados de heróis)

O Homem de Ferro vem com uma dose de muito whisky, tecnologia, sarcasmo, Robert Downey Jr., HQ, tiros, armas e muita explosão... Bum!

Uma explosão muito boa por sinal... !

A Trama é bem contada, personagens fieis pelo pouco que conheço do HQ e dos desenhos originais!, mereceu esse post e uma indicação para essa semana, considerando ainda os outros atores e atrizes como a linda e ruiva Gwyneth Paltrow está ótima como a fiel secretária Pepper Potts (sumida desde 2007 com seu ultimo filme The Good Night – O Sonho que comanda a Vida.), Jeff Bridges um pouco exagerado de vilão Obadiah Stane careca barbudo ao mesmo tempo, o rapaz do Crash Terrence Howard que deve ser lembrado como o amigo e oficial da aeronáutica e las maquinas... Carros, robôs, armaduras, mísseis, computadores tudo de ultima e ainda não gerada geração.

Considerações finais aos efeitos especiais, não poderia deixar de comentar como publicitário que serei, Product Placement (Merchan), "inserções..." da Audi (carros fenomenais) Burger King muito inteligente por sinal, deixando os MC para trás... e dentro outros... Bulgari e LG...

Entrou para o meu top 10º de filmes de heróis, perdendo apenas para Spider Man e X-Men.

Abraços explosivos e que venha mais Tony Stark...

\C+V/

Fernando Meirelles fala sobre Cannes ao EGO

Diretor de “Cidade de Deus” vai abrir festival com longa baseado em "Ensaio Sobre a Cegueira", de José Saramago



Disputar a Palma de Ouro do 61º Festival de Cannes – que acontece do dia 14 de maio ao dia 25 - é pouco para Fernando Meirelles. O longa “Ensaio Sobre a Cegueira”, baseado no livro homônimo de José Saramago, vai abrir o evento (assista ao trailer abaixo). O que é raro, pois normalmente essa honra vai para uma produção fora da mostra competitiva.

Em entrevista exclusiva ao EGO, o diretor de “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel” avisa: “Vamos ver o que acontece. Não tenho nenhuma expectativa de prêmio”. Na competição, Meirelles irá disputar com outro filme brasileiro, “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas. “Amigos que viram disseram que o filme é deslumbrante”, elogia.

“Ensaio” relata uma epidemia de cegueira por várias partes do mundo, e a única pessoa que consegue enxergar é a mulher de um médico, vivida por Julianne Moore . Ainda estão no elenco Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Alice Braga e Danny Glover. “É uma história sobre a humanidade. Foi o meu filme mais difícil, eu acho. Não que eu tenha muitos para comparar.”

Meirelles não esconde o frio na barriga com a apresentação do filme para Saramago. “Ele vai assistir no dia 13, à tarde em Cannes, numa sessão privada. Estou meio ansioso com esta apresentação.” Confira agora o melhor da entrevista.

EGO: Além de "Ensaio Sobre a Cegueira" abrir o Festival de Cannes, ele irá competir - o que dificilmente acontece. Como você recebeu esta notícia? É verdade que o filme quase ficou de fora da competição?

FERNANDO MEIRELLES: Nosso primeiro convite foi para abrir o festival, mas fora da competição. O presidente da Pathé, nosso distribuidor na França e na Inglaterra, achou melhor não participar do festival se não estivéssemos competindo. Não entendi muito a razão. Não sou muito chegado em competições, ainda mais de cinema, mas ele entende melhor de lançamento, então segui a recomendação. Vamos ver o que acontece. Não tenho nenhuma expectativa de prêmio.

EGO: O filme concorrerá com outro brasileiro - "Linha de Passe" de Walter Salles e Daniela Thomas. Você já assistiu ao longa deles?

FERNANDO MEIRELLES: Combinamos de cada um ver o filme do outro algumas vezes em fevereiro e março, mas nunca conseguimos uma data onde os dois filmes estivessem apresentáveis. Acabamos “Ensaio Sobre a Cegueira” na semana passada, e Walter e Daniela ainda estão mixando “Linha de Passe”. Amigos que viram disseram que o filme é deslumbrante.

EGO: "Ensaio" foi rodado em várias partes do mundo, inclusive em São Paulo. Qual foi a sua maior dificuldade em mostrar no cinema o romance de Saramago?

FERNANDO MEIRELLES: A história tem muitos desafios: Personagens sem nome e nem passado, história por demais intensa, ter que filmar em uma cidade grande abandonada e coberta de lixo, tentar expor as questões do livro sem tentar explicar muito a trama mas dando ao espectador ganchos para que ele não ficasse boiando... Foi o meu filme mais difícil, eu acho. Não que eu tenha muitos para comparar.

EGO: Em seu blog, você disse que quando achou que o filme estava pronto, o público em uma exibição não se sentiu à vontade com a cenas fortes. Na edição final, o longa está mais leve?

FERNANDO MEIRELLES: Leve não é um bom adjetivo para esta história de Saramago. Digamos que na versão final a voltagem seja mais baixa. (Saramago) vai assistir a ele no dia 13 à tarde, em Cannes, numa sessão privada. Estou meio ansioso com esta apresentação.

EGO: Como você chegou na escolha do elenco?

FERNANDO MEIRELLES: Parti da Mulher do Médico, a personagem central e fui montando o time apartir daí. Depois dela precisava de um marido, depois um primeiro homem cego mais jovem, boa pinta e que fosse negro ou oriental. E assim foi. O filme tem atores de todas as etnias: Latinos, brancos, negros, orientais, loiros. É uma história sobre a humanidade.



fonte: EGO

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Contagem Regressiva Sex and the City






Blindness na abertura de Cannes

O diretor Fernando Meirelles será o resposável por abrir o Festival de Cannes deste ano. Seu longa baseado no livro de José Saramado “Blindness - Ensaio Sobre a Cegueira”, foi escolhido para ser a primeira exibição do festival.
Com roteiro de Don McKellar, o filme tem data de estréia prevista para o outono americano, e o elenco conta com Mark Ruffalo, Julianne Moore, Danny Glover e Alice Braga.
Além de Fernando Meirelles, outro brasileiro participará da mostra competitiva do festival, Walter Salles e Daniela Thomas levarão o seu “Linha de Passe”.

fonte: Blog da Set